20 e tantos - "Ansiedade, princípio de gastrite e constantes pensamentos suicidas"
20. Pela primeira vez tenho um 2 na frente de outro
número nesse conceito de tempo chamado “idade”.
Mas o que é ter 20 afinal?
De um ponto de vista totalmente pessoal, significa
nada além de já ter assistido uma fita de vídeo cassete ou não, ah, e mais
pressão e responsabilidades nessa vida adulta. Há pouco menos de dois meses
completei essa maldita idade, idade que vou ficar presa por malditos 10 anos, e
quando sair vai ser para uma pior, isso se não morrer antes.
Engraçado que quando somos crianças nós torcemos
para crescer, sem o mínimo de noção da jaca que está por vir. Eu lembro que
quando estava aprendendo inglês, assistia Friends
e pensava “caramba, com 24 anos já vou
ter meu próprio apartamento igual ao da Monica, provavelmente vou ter saído de
casa quando me formar na escola mesmo” preciso de uma sequência de risadas
infinitas depois dessa lembrança.
Enfim, cá estou, 20 anos, desempregada, agora que os
pais começaram a deixar o namorado dormir comigo nos finais de semana, terceiro
período da faculdade ainda por vir – já que larguei jornalismo que estaria
quase me formando a essa altura – e ainda não tenho ideia do que realmente
quero da vida. Meus dias não definitivamente não são uma sitcom de comédia, nem
de longe, minhas noites são reservadas a insônia e Um Maluco no Pedaço. Tem também ansiedade, princípio de gastrite,
constantes pensamentos suicidas, dias que não sinto vontade nem de levantar da
cama, horas que me olho no espelho e quero arrancar o rosto com as unhas. Ah,
tem as incertezas, que não são poucas. “Puta
que pariu eu sou uma criança ainda”.
Não significa que não tenho sonhos e aspirações,
claro que tenho, eles estão sempre presentes, mas muitas vezes ficam ofuscados
pela névoa da insegurança e da ansiedade. Às vezes, fico pensado se o problema
sou eu, então me deparo com centenas de “jovens adultos” exatamente na mesma
situação. Assim, tenho certeza que isso que parece atacar somente nosso
mundinho, na verdade acontece com todos, mesmo que em proporções totalmente
diferente.
Acho que no fim das contas, apesar dos perrengues e
dos arrependimentos de ter nascido, acabo me sentindo grata ao universo por
essa oportunidade de experienciar a vida. Todas as coisas que acontecem, apesar
de provavelmente ter acontecido com alguém antes, continuam sendo únicas. A
gente é tantas pessoas diferentes no decorrer da vida que não se pode deixar
abater tão fácil, nem nesses malditos 20 e poucos.
Tem uma frase dita por Carl Sagan que sempre me faz
sorrir. “Diante da vastidão do tempo e da
imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma
época com você.” E isso não podia ser mais verdadeiro.
Juliana Nascimento tem 20 anos, é manauara, estudante, tem uma
filha canina e acredita que os melhores significados de vida vêm de observar um
céu estrelado. Ela nos contou como está sendo seus vinte e tantos. Caso queira contar
também, envie seu relato para euiwamura@gmail.com.
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