Pontos Finais - VIII/VIII

E então, o projeto está pronto?

Sim, senhor.
               
      Ingmar pega o desenho da mesa e o observa por alguns segundos. Logo o leva para a superintendência. Já estou cansado dessa rotina. Saio do trabalho. Enquanto caminho pela calçada, meu telefone toca.

Onde está o namorado mais perfeito de toda a Zona do Euro?

Será que sou eu? — Tento parecer animado, falho duramente.

Quer fazer o quê hoje?

Não sei. Por que você não sugere algo?

Podemos nos encontrar com o Luca e a Karo no Papilles.

Ótimo. Avise ao Luca para me esperar perto da estação.

                Chego em casa. Despir, banhar, vestir. Ainda está claro. Saio em direção ao centro de Berlim. O S-Bahn vira a esquina, vazio. Desço antes do ponto final, na esquina do restaurante.

E aí?

Tudo bem, cara.

Tenho algumas novidades.

Melhor falar enquanto a Liesel ainda não chegou.

Ela se mudou de Berlim. Está em Stuttgart. Namora um turco de família rica, algo assim.

Tá.

                Era tudo que eu dizia diante de notícias dela.

Tá.”

                Começa a ventar, algumas pétalas de flores caem sobre nós. Vejo Liesel virando a esquina, de braço dado com Karo. Minha mente está vazia.

    A única certeza na incerta primavera dos dias é que o dia vivido é sempre o último que há de florescer na estação.

    Que piegas.

                Há flores em Berlim, Frau.


                Há um muro entre os nossos lábios.



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